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Agosto Lilás: Foco é a conscientização e combate à violência contra a mulher

Quarta, 09 de Agosto de 2023
Agosto Lilás: Foco é a conscientização e combate à violência contra a mulher

Agosto Lilás é o nome dado à campanha do mês de conscientização sobre o combate à violência contra a mulher. O lilás simboliza respeito e, por esse motivo, esse tom foi escolhido para colorir o mês da campanha de conscientização pelo fim da violência doméstica. A campanha faz referência ao aniversário da Lei Maria da Penha, instituída pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que em 2023 completa 17 anos.

A lei surgiu da necessidade de inibir os casos de violência doméstica no Brasil. O nome foi escolhido em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu agressões do ex-marido por 23 anos e ficou paraplégica após uma tentativa de assassinato.

Em entrevista ao Jornal Opinião, a psicóloga clínica Bianca Kappler (31), explica que a violência é uma ação ou comportamento que causa dano, sofrimento ou prejuízo. “Alguns exemplos de violência contra a mulher incluem agressões físicas, como tapas e empurrões; violação sexual, por meio do estupro e assédio; violência de cunho psicológico, como manipulação emocional, humilhação, ameaças, intimidação, controle excessivo ou isolamento social; além da violência econômica, privando a mulher do acesso ao dinheiro ou manipulando seus bens”, conta, informando que as formas de violência podem ser simultâneas, significando que a vítima sofre diversas formas de agressão.

A profissional explica que identificar a violência contra a mulher pode ser um desafio, pois nem sempre a vítima se sente à vontade para falar. “Se você for mulher e vítima, vai perceber um apagamento de si, uma sensação de anulação que gera muito medo. Um relato comum na clínica de psicologia é sobre a sensação de impotência para resolver a situação”, relata Bianca. 

Além disso, pode ser perceptível outros sinais que indiquem possíveis agressões. “Tentativas de esconder partes do corpo, afastamento dos amigos e parentes, mudanças de padrões emocionais ou de humor e, principalmente, baixa autoestima. Já o agressor pode ser percebido por meio de cenas de ciúmes ou controle excessivo, falas contraditórias que variam entre afeto e reclamações, preocupação excessiva para restringir a mulher a ter contato com pessoas de referência ou profissionais de saúde ou segurança pública”, exemplifica.

Para Bianca, a violência contra a mulher não é apenas uma questão individual, mas social e que está enraizada em normas de gênero e desigualdades estruturais presentes na sociedade. “Conscientização, educação, implementação de políticas públicas efetivas e mudança de atitudes são fundamentais para combater essa forma de violência e promover a igualdade de gênero. Também é importante reforçar que a repercussão nas mídias, nas redes sociais e na vizinhança também são violentas para a vítima. É preciso tomar o cuidado para respeitar a integridade da mulher, e isso significa a culpabilização e responsabilização do agressor pelo ato de violência”, enfatiza.

Às vítimas, ela orienta que é preciso começar compreendendo a situação e buscando alguém de confiança como suporte. “É importante acionar a polícia em algum momento, então se prepare para isso. Considere desafiador se expor, pois pode gerar insegurança e vergonha, mas compreenda que é um passo importante para que você fique segura”, indica.

A psicóloga também ressalta que, caso você for a pessoa de confiança ou suspeitar que alguém pode estar sofrendo violência, é essencial abordar a situação com cuidado e empatia. “Ofereça apoio e escuta ativa, mostrando-se disponível para ouvir e ajudar. Encoraje a pessoa a procurar ajuda especializada, como centros de atendimento às vítimas de violência doméstica, organizações não governamentais ou autoridades competentes. O importante é que a vítima saiba que ela não está sozinha e que existe suporte disponível para ela. No entanto, sempre respeite a decisão da vítima e não a pressione a fazer algo que ela não queira fazer”, alerta Bianca.

Principais motivos da agressão

Para Bianca, a violência doméstica e a agressão não podem ser atribuídas apenas a fatores psicológicos. Fatores sociais, culturais e econômicos também desempenham um papel significativo. “Para enfrentar a violência doméstica, é necessário abordar todos esses aspectos e trabalhar em conjunto para criar uma sociedade mais igualitária e livre de violência. As vítimas devem ser apoiadas, protegidas e encorajadas a buscar ajuda e apoio para sair dessa situação”, explica.

 >> Problemas de controle e poder: A violência doméstica pode estar relacionada a questões de controle e poder. O agressor pode usar a violência como uma forma de exercer controle sobre a vítima e manter uma posição de poder na relação.

 >> Transtornos mentais: Em alguns casos, os agressores podem apresentar transtornos mentais que podem contribuir para seus comportamentos violentos. Por exemplo, transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial, podem levar a comportamentos impulsivos e violentos.

 >> História de trauma ou abuso: Algumas vezes, os agressores de violência doméstica podem ter sido vítimas de abuso ou trauma em suas próprias vidas. Isso não justifica o comportamento abusivo, mas pode contribuir para a perpetuação do ciclo da violência.

 >> Baixa empatia e habilidades de comunicação: Agressores de violência doméstica podem ter dificuldades em expressar suas emoções de forma saudável e em entender os sentimentos e perspectivas da vítima.

 >> Normas sociais e culturais: Em algumas sociedades, há normas culturais que podem perpetuar a violência doméstica, como a crença na superioridade masculina e na submissão feminina.

 >> Uso de álcool e drogas: O consumo abusivo de álcool ou drogas pode contribuir para a violência doméstica, pois essas substâncias podem diminuir o autocontrole e aumentar a agressividade.

Sala das Margaridas em Encantado

Em Encantado, a Sala das Margaridas foi inaugurada no dia 12 de maio, junto à Delegacia de Polícia, e abrange cinco municípios: Encantado, Doutor Ricardo, Relvado, Nova Bréscia e Coqueiro Baixo. O local serve para que mulheres, que necessitem de algum atendimento, possam buscar ajuda e orientação caso sofram algum tipo de violência – seja ela moral, física ou psicológica.

Segundo o delegado, Alex Assmann, o objetivo da Sala das Margaridas é fornecer um ambiente acolhedor, com privacidade e com atendimento mais humanizado. “ A sala das margaridas tem esse intuito, um ambiente seguro para que a vítima possa relatar os fatos e fazer o registro, preferencialmente presencial, mas pode ser online também ”, conta. Posterior a isso, o documento é encaminhado ao poder judiciário para análise e deferimento de medidas protetivas de urgência. “Normalmente são deferidas medidas protetivas de urgência, como afastamento do lar, proibição de contato, suspenção de porte de armas, entre outras”, exemplifica Assmann.   

De janeiro a junho deste ano, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, foram contabilizados 28.098 casos de violência contra a mulher. Destes, 128 correspondem a feminicídio tentado, 40 consumados, 16.864 ameaças, 1.183 estupros e 9.883 casos de lesão corporal. Em Encantado, foram registrados 35 casos de ameaças e oito de lesão corporal. Segundo Assmann, a média varia entre quatro a cinco registros por semana e os casos mais frequentes são registros de ameaça, lesão corporal, vias de fato, injúria e perseguição. O perfil das mulheres é de 20 a 40 anos.

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Texto - Jornal Opinião 
Foto - Divulgação 

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