Uma dupla de irmãs, com 92 e 90 anos, foi resgatada na zona Sul de Porto Alegre, em 15 de julho de 2025, após vizinhos notarem que não eram mais vistas no condomínio e realizaram denúncia à polícia. Ambas têm diagnóstico de Alzheimer e uma delas é portadora de diabetes, o que intensificou o quadro de vulnerabilidade.

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Proteção ao Idoso, presidida pela delegada Ana Luiza Caruso, instaurou inquérito para investigar o caso. Contudo, a investigação apontou ausência de familiares próximos — sem filhos ou netos — e indicou que se tratava mais de falhas sociais e de assistência do que de crime, razão pela qual não há previsão de indiciamento.

No momento da descoberta, as irmãs estavam em estado avançado de desnutrição, com sinais físicos evidentes de debilidade, e alimentavam-se com ração de gato e comida estragada ou vencida, incluindo frutas podres e chocolate — apesar da irmã diabética necessitar de dieta controlada.

O apartamento estava em condições deploráveis: sujo, tomado por lixo, com forte odor de urina e esgoto, janelas fechadas e ambiente insalubre. O declínio foi gradual: até então, elas circulavam regularmente no condomínio e eram vistas socialmente no bairro, mas há meses vinham mantendo isolamento, o que despertou a atenção dos moradores.

Após o resgate, as irmãs foram encaminhadas ao Hospital Vila Nova, onde permaneceram internadas por cerca de uma semana. Evoluíram para estado de saúde estável, conservando lucidez suficiente para expressarem o desejo de continuarem juntas em um futuro lar para idosos.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) está acompanhando o caso em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, por meio da rede do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), e coordena o encaminhamento das idosas a uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) conveniada com o município.

Por ora, apesar da situação crítica em que viviam, as irmãs não foram caracterizadas como vítimas de abandono legal—o foco do caso está voltado para a questão social e de saúde pública. A esperança da equipe responsável é que o acolhimento em ILPI credenciada possa oferecer a elas dignidade, cuidados adequados e a continuidade da convivência conjunta, conforme manifestado por elas próprias.

TEXTO – José Raimundo Tramontini
FOTO – Divulgação/PC