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Livro relata a biografia do fotógrafo Hugo Peretti e a importância da fotografia

Quarta, 23 de Agosto de 2023
Livro relata a biografia do fotógrafo Hugo Peretti e a importância da fotografia

No sábado (19), foi comemorado o Dia Mundial da Fotografia. A escolha da data é uma homenagem à invenção do daguerreótipo, o antecessor das câmeras fotográficas. Foi em 19 de agosto de 1839 que a Academia Francesa de Ciências anunciava mundialmente a invenção.

Este aparelho foi desenvolvido pelo francês Louis Daguerre, graças aos estudos de Joseph Niépce, que havia criado a héliographie alguns anos antes. Em 1839 também foi inventado o calótipo, um outro sistema de captura de imagens, criado por William Fox Talbot. Por causa dessas incríveis invenções, 1839 se consagrou como o Ano da Invenção da Fotografia, que consiste na técnica de criar imagens por exposição luminosa em uma superfície fotossensível.

Em Encantado, a data também pode ser comemorada por meio da lembrança do eterno e mais ilustre fotógrafo do município, Hugo Décio Peretti. Ele faleceu há mais de 20 anos, em 16 de maio de 2003, aos 85 anos, e terá a história de sua vida e carreira profissional contadas em livro.  

O responsável pela obra é o professor e escritor Airto Francisco Gomes, que escreveu a biografia de Peretti sob o título “A Memória em Fotografia”. O livro retrata a história do fotógrafo a partir de 1933, quando surgiu o Estúdio Foto Hugo Peretti, que permaneceu em atividade por 89 anos, até junho de 2022. Ainda, trata da genealogia familiar do fotógrafo, sua trajetória em vida, a repercussão de sua morte e o registro de centenas de fotos que ilustram a história de Encantado.

Conforme Gomes, o conteúdo é composto de vários depoimentos de pessoas de seu relacionamento e que destacaram sua importância na história documentada de Encantado, por meio da fotografia, comprovada em um acervo de 375 imagens em preto e branco, sendo algumas inéditas. “Focaliza a evolução por segmentos como fotos sobre eventos religiosos, conjuntos musicais e festivais, eventos comemorativos de empresas, desenvolvimento e transformação física do município com a construção transformação da arquitetura de prédios antigos, esportes, eventos sociais, educacionais, com formaturas e desfiles estudantis, religiosidade, tipos de transporte, incêndios, prédios que marcaram épocas, etc.”, detalha o autor.

Gomes detalha que o livro traz entrevistas feitas pela mídia local e estadual, destacando os feitos de Peretti e também a participação do seu sucessor na empresa, o neto Marcelo Luiz Peretti, que faleceu em 10 de junho do ano passado. A obra, igualmente, transcreve sobre a história da fotografia no Brasil e em Encantado, relata as formas de revelações em vidros e em métodos antigos, bem como a evolução do surgimento da tecnologia e das máquinas fotográficas, filmes e outras técnicas, até o laboratório fotográfico da empresa, que perdurou por 89 muitos anos como novidade na região. Neste ano, o antigo Estúdio Foto Peretti completaria comemoraria 90 anos.

O livro “A Memória em Fotografia” está concluído e encontra-se em análise pelo Conselho da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), com projeto elaborado pela Lume. Se aprovado, será distribuído gratuitamente nas escolas e nas principais repartições públicas e bibliotecas. “Este trabalho visa dar uma amplitude do significado da fotografia em nosso município, em especial, destacar o pioneirismo, a importância e a memória do legado deixado pelo fotógrafo Hugo Peretti. Aproveitando a significativa caminhada de 89 anos de atividades na área da fotografia, o neto Marcelo tinha um sonho projetado, além de continuar o legado do trabalho da família, o de escrever a biografia do avô e comemorar, em março de 2023, os 90 anos de fundação da empresa familiar, uma das mais antigas que estava em funcionamento do município de Encantado”, enaltece Gomes.

E conclui: “nada mais justo que concretizar, ‘in memoriam’, o sonho do amigo Marcelo, que projetou este trabalho, para, além de homenagear o seu avô, evidenciar todo o contexto da importância da fotografia deixada pelos pela família de Peretti para o município. Afinal, fotografar é fazer de instantes e de momentos a própria história, para ser contada através de diferentes gerações por toda a eternidade”.

Acervo histórico para as gerações atuais

O médico cardiologista André Luiz Peretti, neto de Hugo e irmão de Marcelo, fala sobre a importância da obra para a sua família, para Encantado e para a região: “a história do meu avô Hugo Peretti une a história da nossa região com a história da fotografia. Graças ao trabalho dele, está documentada a evolução do município de Encantado e de municípios vizinhos, se tornando um enorme acervo histórico para as gerações atuais. Foi a partir dessa ideia que meu irmão Marcelo e o Sr. Airto Francisco Gomes decidiram juntar em um livro fotografia e história. Um trabalho longo que, infelizmente, o Marcelo não conseguiu ver pronto, mas desde já deve ficar o nosso agradecimento e exaltação do seu empenho em manter e restaurar os arquivos fotográficos do Vô Hugo e, consequentemente, a preservação da sua memória. Em breve, esperamos que o livro seja publicado e todos possam ter acesso a essa obra brilhantemente escrita pelo professor Airto. Em nome da família, quero agradecer o empenho de todos os que participaram nesse projeto”.

Sobre Hugo Peretti

Hugo Décio Peretti nasceu em 26 de abril de 1918 e dedicou-se à fotografia desde jovem, começando seu trabalho em 1933, aos 21 anos, com apenas alguns ensinamentos de seu pai Heitor Alexandre Peretti. Em 25 de setembro de 1940, Peretti casou-se com Carminha Belchis Ferri, com quem teve os filhos Heitor, Vânia, Lilian e Luiz Antônio.

O pai de Hugo, Heitor, começou a comercializar artigos fotográficos na Casa Comercial da Família Peretti, na Rua Júlio de Castilhos, na década de 1930. Como quase tudo relacionado à fotografia ainda era novidade no Brasil, o espaço serviu para demonstrar a curiosidade das inovações no setor da arte fotográfica. A evolução de máquinas e equipamentos foram sendo utilizados e adequados também por Peretti, às diferentes épocas. Ele sempre repetia que “a fotografia em preto e branco é uma arte, feita por um artista, o momento de fotografar é como um raio, tem que olhar e clicar. Para fazer uma boa foto é preciso um olho clínico de artista e de gostar de fazer, de enquadrar e clicar, pois os momentos não voltam mais. Depois, o restante se conclui no laboratório”.

Além da revelação de filmes em preto e branco, no porão da loja, Heitor comercializava máquinas fotográficas, as chamadas Caixa Kodak. O trabalho era feito em horários de menor movimento no comércio, às vezes auxiliado pelos sobrinhos Gastoni (filho de Virgílio) e Agenor (filho de Dante), já que o seu filho Hugo encontrava-se estudando fora do município.

Pelas demonstrações e incentivos do pai, ainda muito jovem, Hugo passou a pesquisar a fundo o mundo da fotografia, suas técnicas e inovações para se aperfeiçoar e ser um profissional do ramo. Passou a conhecer as maravilhas da fotografia no chamado “quarto escuro”, utilizado para as revelações que, como num passe de mágica, a imagem aparecia após mergulhada no banho do revelador.

Hugo expandiu o negócio, sendo o único fotógrafo da região e passou a realizar a cobertura de inúmeros acontecimentos e registros importantes no desenvolvimento de vários segmentos culturais e sociais em diferentes épocas. Seguidamente era requisitado até para fotografar eventos fora do município, devido à fama alcançada pelos trabalhos realizados com sua arte e perfeição.

Com o tempo, novas e diferentes maneiras de se fazer fotografias foram criadas. As inovações foram surgindo desde as chapas de vidro (negativo), a película preto e branco; com o aparecimento dos filmes coloridos aos filmes reversíveis; do papel preto e branco ao colorido. A chegada da digitalização merece destaque na história da fotografia. Em meados da década de 1980, a câmera com sensor eletrônico começou a ser comercializada.

Hugo acompanhou o processo de modernização e ampliação da Kodak, que inventou uma máquina com capacidade de registrar pontos de luz ou pixels, e transformá-los em imagens. Enquanto havia as inovações, ele ampliava sua fama de bom fotógrafo como poucos, nunca deixando de se aperfeiçoar, e ao mesmo tempo, registrar a história do município.

Ao longo da sua história, Hugo contou, em vários momentos, com o auxílio em seus trabalhos, na companhia dos filhos Luiz Antônio e Heitor José e do neto Marcelo Luiz, sendo, este último, o seu sucessor na profissão. Outros que se tornaram seus auxiliares e seguiram carreira no ramo da fotografia foram os amigos Lino Stéfano De Nes e Valdir Pinheiro.

Em 1996, com a participação do neto Marcelo, surge o Laboratório Fotográfico Hugo Peretti, atendendo Encantado e região. Em 2005, de uma forma pioneira, a empresa entrou na era moderna, adquirindo equipamento para revelações de fotos digitais em seu próprio laboratório. Com a perda do sucessor Marcelo, em junho do ano passado, a empresa encerrou as atividades.

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Texto - Jornalista, Carina Marques/Jornal Opinião
Fotos - Arquivo Pessoal 

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