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"Nunca é tarde para estudar"

Quarta, 16 de Agosto de 2023
"Nunca é tarde para estudar"

A frase é da operária Simone dos Santos Ritz (41) e ilustra o desejo de voltar à sala de aula, adquirir conhecimento e alçar voos maiores mesmo após os 40 anos. Essa mãe, esposa e trabalhadora ilustra a reportagem especial e alusiva ao Dia do Estudante do Jornal Opinião, cuja data é comemorada hoje (11).

Simone é natural do município de Espumoso e, há 21 anos, adotou Encantado para viver junto dos filhos Luana dos Santos Linné (24) e Andriel Ritz Coppini (18) e do esposo Carlos da Silva (29).

Ela conta que, quando mais jovem, não gostava de estudar e, por isso, desistiu de frequentar a escola. Contudo, com o passar do tempo, percebeu o quanto o estudo faz falta e decidiu voltar à classe. Aos 16 anos, ela engravidou da primeira filha, Luana, época que estava concluindo o 8º ano do Ensino Fundamental. “As professoras anteciparam as provas, pois eu daria à luz a minha filha em novembro, antes do término do ano letivo”, lembra.

Aos 23 anos, Simone foi mãe novamente, de Andriel, e aos 28 percebeu a necessidade de voltar a estudar para concluir o Ensino Médio. Foi então que se matriculou no Instituto Estadual de Educação Monsenhor Scalabrini, de Encantado. Dez anos depois, a operária decidiu que queria mais conhecimento e no ano de 2023 deu início ao Técnico em Contabilidade, também oferecido pelo Scalabrini. “Escolhi esse curso para conseguir novas oportunidades e ser melhor renumerada. Acredito que é o que todos querem”, diz.

As aulas ocorrem à noite, de segunda a quinta-feira, das 19h às 22h30min. E para dar conta de tudo, ela explica como funciona a sua rotina: “acordo às 4h para ir ao trabalho, no frigorífico de frangos da Dália Alimentos, em Arroio do Meio. Trabalho das 5h às 16h. Vou até o Instituto de transporte público e retorno para casa, no Bairro Lambari, às 23h”, detalha.

Simone conta que, no início, o esposo não gostou muito da ideia, mas depois a apoiou. “Ele ficou com ciúmes, mas agora está me apoiando”. E o seu desejo é futuramente cursar o Técnico de Enfermagem. “Mas, como sempre digo, o futuro à Deus pertence, e, claro, se eu tiver condições financeiras”, relata.

O preconceito muitas vezes pode estar presente em situações onde uma pessoa com mais de 40 anos esteja estudando, mas com Simone, episódios desse tipo não aconteceu. “Os colegas são compreensíveis e me ajudam, principalmente, quando há trabalhos que precise ser usado o notebook”. Questionada sobre as tarefas de casa que o curso propõe, ela descreve a situação. “Quando tenho um tempo depois que chego do trabalho e de fim de semana. E quando não entendo, questiono a professora na próxima aula”.

A rotina pesada, cansativa e desgastante fez com que Simone pensasse em desistir. “Pensei muitas vezes em abandonar o curso, mas tenho minha família que me incentiva e uma colega especial que me oferece ajuda a todo o momento e se necessário vem me buscar na minha casa”, conclui.

A professora de Contabilidade do Scalabrini, graduada em Ciências Contábeis e pós-graduada em Finanças e Controladoria, Roseli Radaelli Citron, elogia Simone, que é sua aluna. “Ela tem muita força de vontade e está em busca de conhecimento e realização pessoal”.

Roseli leciona a disciplina de Contabilidade há 13 anos e, na maioria das turmas, tem alunos recém-formados do Ensino Médio e outros retornando aos estudos depois de alguns anos parados. “Muitos, após terem concluído o Ensino Médio há mais de dez anos, retomam em busca de novos desafios e conhecimentos. Por isso, nunca é tarde para estudar, a vida é um constante aprender, independentemente da idade”, considera a professora.

Inspiração da mãe

Simone conta que sua maior inspiração para retornar aos estudos foi a mãe Fátima Valéria de Oliveira (in memoriam), que criou ela e os irmãos Edilaine (46), Rodrigo (39) e Ricardo (38). “Quando os filhos estavam crescidos, ela decidiu cursar Enfermagem e sempre nos disse para não desistirmos dos nossos sonhos”, menciona, ela que também almeja cursar Enfermagem.

Quando questionada sobre a relação com os filhos, afirma serem suas maiores motivações. Andriel também estuda à noite, na mesma escola, e está no 3º ano do Ensino Médio. “Quando estamos no intervalo, ele me abraça, me beija e não tem vergonha de dizer que sou sua mãe”. Luana, por sua vez, fornece todo o apoio que a mãe necessita. “Sempre me dando forças para seguir e não desistir, pois eu fui a maior força dela nos momentos que ela queria abandonar a sua formação de Técnico em Contabilidade”, finaliza.

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Texto - Jornal Opinião 
Foto - Divulgação 

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