A Polícia Federal investiga se o ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Rio Grande do Sul, Carlos Rafael Mallmann (União Brasil), recebeu R$ 15 mil para favorecer uma empresa em uma licitação de telas interativas para prefeituras gaúchas. O suposto pagamento teria ocorrido em 2021, quando ele ainda atuava como consultor jurídico do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Taquari (Consisa).

Em dezembro de 2024, Mallmann foi alvo de um mandado de busca e apreensão, junto a dois servidores do governo estadual. No entanto, os três permaneceram nos cargos até fevereiro deste ano, quando uma nova investigação sobre fraudes em emendas parlamentares levou à exoneração de todos.

A operação apura a compra de 377 telas interativas pela prefeitura de São Leopoldo, que custaram R$ 9,5 milhões. Parte dos equipamentos foi adquirida por adesão a uma ata de registro de preços e o restante por meio de licitação própria – ambas sob suspeita de direcionamento. Segundo a PF, mensagens apreendidas indicam que Mallmann teria recebido o valor para barrar recursos de empresas concorrentes, favorecendo a Smart, empresa vencedora da licitação.

O caso também envolve Cliver André Fiegenbaum e Marcelo Augusto Mallmann, apontados como articuladores da Smart, além de Ricardo Giovanella Netto, sócio da fabricante das telas. Uma troca de mensagens revela que Cliver planejava repassar R$ 5 mil via Pix e o restante em dinheiro, mencionando a necessidade de "matar as impugnações".

Diante das suspeitas, o prefeito de São Leopoldo, Heliomar Franco (PL), determinou a abertura de uma sindicância para apurar o envolvimento de um ex-diretor da Secretaria Municipal de Educação no esquema.

No momento da operação, Cliver e Marcelo ocupavam cargos no governo estadual – um na Metroplan e outro na Casa Civil – mas só foram exonerados em fevereiro, após outra investigação sobre desvio de emendas parlamentares. Carlos Mallmann também seguiu no cargo até a última semana, quando teve sua exoneração publicada no Diário Oficial. A investigação da Polícia Federal segue em andamento.

TEXTO – José Raimundo Tramontini
FOTO – Reprodução/Redes Sociais