
A jovem Jéssica Maiara Bergmeier de Freitas (28) exerce uma profissão não tão comum para mulheres: de calceteiro. Na carreira desde 2019, tem em seu pai Leondino Bergmeier (69) a sua maior inspiração, já que ele atuou no ramo por 42 anos. Ele ensinou a filha todos os trejeitos desse trabalho manual, bruto e pesado. Antes de desempenhar tal atividade, ela trabalhava como servente de limpeza.
Calceteiro é o profissional responsável pela pavimentação de calçadas e áreas internas e externas de piso. Esta profissão é uma das mais antigas no mundo. Jéssica é natural de Teutônia, estudou até o 6° ano do Ensino Fundamental, mas retornou para Encantado em 2017 devido à oferta de emprego e de ensino para os filhos. Atualmente, é funcionária terceirizada da prefeitura de Encantado, atuando no Setor de Obras.
A primeira atividade do dia de Jéssica é manusear uma marreta e uma pá e desenvolver a cancha para o calçamento de paralelepípedo. Após, a carga do pedrisco é transportada até o local estratégico para que a prefeitura possa fazer o espalhamento. Com a chegada das pedras, é realizada a separação para se adequar ao nível da cancha.
Ela conta que não fez nenhum curso para aprender a calçar, mas que desenvolveu as habilidades acompanhando o marido Diego Cristiano da Silveira de Freitas (33) nas tarefas. Marreta, colher de pedreiro e pá são algumas ferramentas utilizadas no trabalho.
Hoje, Jéssica é uma microempreendedora e sua equipe de trabalho é formada por cinco pessoas, incluindo o marido e irmão Claiton Josué Bergmeier. Eles são contratados pela prefeitura e auxiliam no serviço. A jovem conta que o início do trabalho foi desacreditado, principalmente por si mesma, pois imaginava que não teria a capacidade de comandar uma equipe, nem mesmo lidar com o comportamento masculino em uma profissão pouco desempenhada por mulheres.
Para Jéssica, o respeito é fundamental em seu cotidiano de trabalho. “Normalmente nas empresas, homens e mulheres trabalham juntos. Acredito que estabelecendo a regra que o respeito é algo primordial, funciona”, ressalta.
Um de seus maiores sonhos é que seus filhos busquem o melhor para si, estudem e se tornem o que sonham, sempre lutando honestamente. “A inspiração vem de berço e eu sou a maior incentivadora dos meus filhos, já que meu pai foi a minha para eu exercer a profissão de calceteiro. Então, desejo que eles sejam felizes nas suas escolhas, mas gostaria que eles tivessem um emprego mais confortável”.
Quando questionada sobre como trabalha em dias escaldantes ou de frios intensos, já que o trabalho de fazer calçamento exige que a pessoa fique exposta às intempéries do tempo, Jéssica comenta que alguns cuidados são essenciais. “O corpo se acostuma. Nos protegemos do sol e procuramos por sombra das árvores sempre que possível e nos hidratamos. No frio, nos agasalhamos bem”, relata.
Fruto do trabalho fazendo calçadas e calçamento, Jéssica conquistou bens materiais e já projeta o desenvolvimento de um novo projeto de sua empresa, com um ganho de renda extra que consiste na produção e fornecimento de matéria-prima dos calçamentos. “Aos poucos, de forma honesta, vou conquistando o meu espaço. Tenho orgulho do que faço. Jamais se subestime. Você é forte e será capaz de lutar e conquistar o seu espaço”, finaliza.
Jéssica, mãe de quatro filhos
Jéssica foi mãe aos 15 anos quando teve Tiago (12). Depois, nasceram Graziela Eduarda (10), Isabella Sophia (7) e Joana Gabriela (3). Ela conta que quando estava grávida do primeiro filho, mesmo jovem, tinha o desejo de ser mãe. Graziela chegou logo em seguida, não foi planejada, mas Jéssica tinha o pensamento de que onde comem um comem dois. O terceiro filho foi Isabella Sophia, que veio ao mundo quando morava em Tupandi. Nesse período, passou por uma crise financeira e foi morar com a sogra Leonilda da Silveira de Freitas. Após, se mudou e Joana Gabriela nasceu em Encantado. “Filhos são herança e bênçãos de Deus. Crio eles para que não sejam mimados. É uma criação simples, evito doces na alimentação para evitar doenças. O principal cuidado que tenho é com o que eles ingerem”, diz.
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Texto - Jornalista, Aline Dartora/Jornal Opinião
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