Quando chega a terça-feira, Leonardo Luís Fachini (25) já sabe. É dia de se arrumar ainda mais e de embarcar no carro com os pais, rumo a Encantado. Para ele, um passeio com a consciência de que vai viver novas emoções. Para os pais, Elói e Nilce, mais uma sessão de equoterapia com o amparo de diversos profissionais. Leonardo é portador da Síndrome de Angelman e todas as semanas, os pais saem de Nova Bréscia, onde moram, para levar o filho ao atendimento que tem contribuído para sua qualidade de vida.
A doença é incurável, mas os sintomas podem ser amenizados com a prática de terapias diversas, dentre elas, a equoterapia. O serviço é oferecido na Linha Chiquinha, em Encantado, há cinco anos, e para lá que Leonardo vai todas as terças-feiras, há cinco anos. “Ele adora; em poucos minutos fica pronto para sair”, relata a mãe.
Leonardo é um dos cidadãos exaltados na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Múltipla e Intelectual, ocorrida de 21 a 27 de agosto. A data foi instituída pela Lei nº 13.585/2.017 e visa ao desenvolvimento de conteúdos para conscientizar a sociedade sobre as necessidades específicas de organização social e de políticas públicas para promover a inclusão social desse segmento populacional e para combater o preconceito e a discriminação.
Dentre as políticas públicas implementadas no Vale do Taquari, está o ingresso do Centro de Equoterapia Abraço Forte no Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Taquari (Consisa). Por meio dele, o Centro atende pacientes de deficiências múltiplas de toda a região. De forma multiprofissional, abrange Muçum, Nova Bréscia, Relvado, Imigrante e Westfália, além de outros municípios por meio de outras parceiras e projetos. “Muitos pacientes chegam até nós através do programa TEAcolhe, realizado pelo CER-II, que proporciona equoterapia às pessoas do espectro autista”, destaca a equoterapeuta, Ilca Trucolo. “Por meio do Consisa, a estimativa é que pacientes de Encantado e tantos outros municípios também possam ser atendidos”, completa.
Alguns pacientes também são atendidos por meio do Projeto Abracinho, que consiste no apadrinhamento de um praticante, seja por pessoa física ou jurídica. O centro também tem o amparo da Associação de Mães e Pais Especiais do Vale do taquari, como o Sicredi, por exemplo.
A motivação de Leonardo para as sessões tem vários nomes. Todos carregam o compromisso de tornar a vida do Léo, assim como de todos os pacientes, mais autônoma, por meio de técnicas que os fazem sentir-se mais firmes, seguros, com melhor autoestima, autoconfiança, força, concentração e equilíbrio. São os profissionais de equitação, de equoterapia, psicólogo, assistente social, pedagogo e fisioterapeuta que garantem todos esses benefícios. Gabriel Capitani, profissional da fisio, ressalta que o tratamento com base na equoterapia não deve, jamais, ser confundido com “os passeios a cavalo no sítio do avô”, ilustra. Especializado no atendimento a pessoas com deficiências múltiplas, Capitani alerta aos pais para que, diante de um diagnóstico positivo de qualquer uma das síndromes existentes, não se exacerbem nem queiram tentar acelerar os resultados de um tratamento, via quantidade elevada de sessões. “A equoterapia tem a medida certa para dar o resultado adequado a cada tipo de paciente. “Entretanto, quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico, maiores são as chances de o paciente ter uma vida com mais independência”, frisa.
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