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33 mil toneladas de lixo oriundo das enchentes aguardam destinação adequada em Muçum, Roca Sales e Encantado

Sexta, 27 de Dezembro de 2024
 33 mil toneladas de lixo oriundo das enchentes aguardam destinação adequada em Muçum, Roca Sales e Encantado

 

Após as trágicas enchentes de maio que devastaram várias cidades do Rio Grande do Sul, prefeituras dos municípios afetados como Muçum, Roca Sales e Encantado, no Vale do Taquari, totalizam ainda 33 mil toneladas de lixos provenientes das inundações em terrenos inadequados. Um levantamento da reportagem do Opinião aponta que Muçum conta, atualmente, com 20 mil toneladas de resíduos, Roca Sales, 10 mil e Encantado com 3 mil toneladas. A maior parte do lixo, segundo as prefeituras, foi destinada de forma definitiva para aterros sanitários em Minas do Leão, localizada na região Central do estado, a 83 km de Porto Alegre. No entanto, os orgãos municipais aguardam mais verbas do Governo Federal para o recolhimento definitivo dos resíduos. 

O prefeito de Roca Sales, Amilton Fontana (MDB), afirmou que foi encaminhado recentemente a Defesa Civil Nacional em Brasília, nova solicitação para o recolhimento do lixo e que foi aprovado somente 50% da verba, ou seja, R$ 2,6 milhões, valor suficiente para recolher apenas 7 mil toneladas. Essa quantidade de lixo foi encaminhada para um aterro sanitário no município de Serafina Correa, a cerca 80 km de Roca Sales.  No entanto as outras 10 mil toneladas restantes, que estão em um terreno da prefeitura, situado apenas 1,5 km do centro da cidade, aguardam um destino. ‘’Se o Governo Federal, não liberar recursos financeiros em 2025, a prefeitura não tem condições de recolher o restante dos resíduos’’, disse o prefeito Amilton Fontana (MDB).

Na cidade de Muçum, o recolhimento dos entulhos iniciou em 11 de novembro com recursos da Defesa Civil Nacional, de R$ 5,2 milhões. Os resíduos, entre materiais recicláveis e orgânicos, depositados temporariamente ao lado do prédio da Secretaria de Obras, estão sendo carregados e transportados pela empresa CRVR – Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos, até um aterro sanitário, em Minas do Leão. Porem faltam 20 mil toneladas para o descarte correto, sem agressão ao meio ambiente.

Em Encantado, a enchente ocorrida em maio de 2024 gerou cerca de 7 mil toneladas de lixo. O material recolhido foi inicialmente armazenado nos fundos do Parque João Batista Marchese. Deste total, 4 mil toneladas foram removidas pelo Governo do Estado e destinadas ao aterro sanitário em Minas do Leão. O custo dessa operação foi arcado pelo Estado. Já as 3 mil toneladas restantes permaneceram no local e, conforme autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), serão depositadas em uma área dentro do próprio município. Para viabilizar essa remoção, Encantado recebeu cerca de R$ 515 mil da Defesa Civil Nacional, do Governo Federal. No momento, a destinação final dos resíduos remanescentes aguarda o andamento do processo licitatório para contratação dos serviços necessários.

Alternativa

Na opinião do professor e engenheiro agrônomo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FRGS), Darci Campani, há soluções mais econômicas e eficientes para lidar com o acúmulo de lixo das enchentes depositado em locais inadequados neste municípios. Uma das alternativas apontadas por ele é a compostagem, um processo natural de decomposição que transforma resíduos orgânicos, como restos de alimentos e materiais vegetais, em adubo rico em nutrientes. Essa prática não só reduz a quantidade de lixo destinado a aterros, como também promove o reaproveitamento sustentável dos resíduos, beneficiando o meio ambiente e a agricultura local.

‘’A cidade de Muçum serve como um exemplo trágico dos efeitos devastadores das enchentes na agricultura. A área agrícola foi completamente arrasada, com o solo sendo totalmente destruído. ‘’Se deixarmos a natureza seguir seu curso, a recuperação do solo levará, em média, 30 anos para que se forme uma nova camada fértil’’, alerta Darci. Esse processo é não apenas mais barato do que o descarte em aterros sanitários, mas também representa uma forma de recuperar a fertilidade do solo perdido’’ explica.

Darci também chama a atenção para os riscos à saúde pública associados ao acúmulo de lixo após as inundações. ‘’O lixo das enchentes pode contribuir para a proliferação de vetores de doenças como dengue, zika e chikungunya. Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, é fundamental que os órgãos municipais estejam atentos a esse problema e adotem medidas preventivas’’, ressalta.

O especialista explica ainda que os entulhos e outros materiais em decomposição podem contaminar o solo e o lençol freático. ‘’A compostagem, por sua vez, é realizada em áreas impermeabilizadas, com controle rigoroso da temperatura e tratamento do chorume, garantindo a segurança do processo e do produto final’’, concluiu Darci.

Texto: Luciano Nagel 

Foto: Ass.Imprensa/Pref. Muçum

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