
O médico Marcelo Silveira de Andrade, de 42 anos, foi condenado pelo Tribunal do Júri de São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, a 58 anos, 4 meses e 20 dias de prisão. Ele foi considerado culpado por assassinar a ex-companheira, Juliana Ribeiro da Costa, de 35 anos, e o namorado dela, o major do Exército Rodrigo Menezes Leal, de 38 anos, em maio de 2023. O crime brutal ocorreu na frente de quatro crianças — incluindo as filhas gêmeas do réu, de apenas 3 anos, e as filhas do major, de 4 e 10 anos.
Além do duplo homicídio qualificado, o médico também foi condenado por porte ilegal de arma de fogo. Atualmente, ele cumpre pena no Presídio Estadual de São Gabriel.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o réu não aceitava o fim do relacionamento com Juliana. No dia 16 de maio de 2023, ele foi até o condomínio onde a ex-companheira morava, no bairro Zona Sul da cidade, sob o pretexto de visitar as filhas. Após uma breve discussão na frente da residência, ele sacou uma pistola e efetuou diversos disparos contra Juliana e Rodrigo, que morreram no local.
O julgamento, que durou mais de 20 horas, foi descrito como um divisor de águas no combate à violência de gênero na região. Para o promotor de Justiça Leonardo Giardin de Souza, o caso envia uma mensagem contundente: “Esse julgamento é um marco histórico para a comunidade de São Gabriel. Ele transmite uma mensagem clara de que a violência movida por sentimento de posse e pela cultura machista será punida com rigor. É um alerta de que vidas podem ser preservadas a partir da justiça”.
A promotora Graziela Vieira Lorenzoni também destacou a brutalidade do crime: “As vítimas foram abatidas de forma cruel, sem chance de defesa, e diante de suas filhas pequenas. É um caso que beira a desumanidade”.
Após os crimes, o médico fugiu e foi localizado horas depois pela polícia na casa de um amigo. A sentença reforça o papel do Tribunal do Júri na responsabilização por crimes hediondos e na afirmação do compromisso do Estado com a proteção das mulheres e das famílias.
TEXTO – José Raimundo Tramontini
FOTO - MP/Divulgação