Costurando solidariedade: ações contribuem no combate à Covid-19 em Muçum

No período em que a população mundial enfrenta a pandemia do Coronavírus, ações de solidariedade ganharam força e mostram o lado positivo em meio a todas as dificuldades que surgem na luta contra à Covid-19.
Quem trafega pelas ruas Henrique Zílio e Júlio de Castilhos, no centro de Muçum, já deve ter notado as iniciativas que inspiram e manifestam a preocupação com o próximo.
A rotina de receber as vizinhas para um chimarrão em uma roda de conversa pela manhã foi substituída pela máquina de costura em um espaço dentro de casa. É assim que tem sido as últimas semanas da senhora Camila da Veiga, de 86 anos.
Ela, que por quase três décadas foi funcionária do Hospital Nossa Senhora Aparecida de Muçum, onde aprendeu a confeccionar EPI’s para os profissionais da saúde, hoje transformou os tecidos estampados, que antes eram bordados nos panos de pratos, em máscaras para aqueles que não tem condições de comprar.
-Umas colegas de trabalho da minha filha precisavam utilizar máscaras, mas não tinham dinheiro, então pensei em costurar e doei para elas. A partir daí outras pessoas começaram a encomendar. Uns até pediam o preço, achando que estava comercializando. Resolvi expor no portão de casa e disponibilizar a quem necessita-, conta a aposentada.
Conforme dona Camila, todo o material usado – tecidos, linhas – estavam guardados, eram utilizados em algumas reformas de roupas, e, por enquanto, apenas o elástico é comprado. Porém, se alguém tiver interesse em ajudar na causa pode contatar a idosa.
-Não posso auxiliar de outra forma, mas achei essa maneira de fazer minha parte, por menor que seja. Fico muito feliz. Me sinto realizada, porque estou parada. Além de passar o tempo posso contribuir com quem precisa”, relata. ---Muitos familiares de longe, amigos me parabenizam pela atitude pelas redes sociais-, diz orgulhosa.
“Proteja a si e ao próximo”
Este é o recado do casal muçunense, que prefere não ser identificado, exposto no portão da residência. O cartaz pendurado junto as máscaras ainda traz a mensagem “Pegue sua máscara. Lave com água e sabão”.
Mesmo sem nenhuma experiência, ambos perceberam a necessidade de fazer algo pelo próximo, desenvolveram o próprio molde, para que ficasse mais fácil a produção, e dividiram a tarefa. -Eu costuro e ela faz o acabamento-, conta.
De acordo com o casal, a iniciativa surgiu diante da falta do produto no mercado. -Tínhamos tempo e máquina de costura esquecida em casa, então resolvemos arriscar, começamos a produzir e fazer as doações-, revela.
Cerca de 800 unidades já foram confeccionadas – com ajuda de doações de uma empresa local, bem como de pessoas físicas, e seguem sendo distribuídas à comunidade, que já reconhece a boa ação. -Muito obrigada! Que Deus os proteja. Bela atitude. O Brasil não está perdido-, diz o bilhete.
Segundo o casal, o sentimento é de gratidão, mas esperam que as pessoas se conscientizem. -Estamos gratos em poder contribuir. Acreditamos que houve uma boa aceitação pela comunidade, porém, no geral, ainda se vê muitas pessoas circulando pela cidade sem proteção-, lamenta. -Seguiremos produzindo as máscaras, mas pedimos a Deus que ajude a melhorar toda essa situação-, salienta.
Texto: Vanessa Paliosa
Fotos: Vanessa Paliosa/Vitória Bortoletti