Foi lançado no dia 28 de março o documentário Taquari Fagueiro: Reflexões sobre as enchentes de setembro de 2023. O filme está disponível gratuitamente no YouTube, pelo canal ciceri herold, do diretor encantadense Antônio Ciceri Herold (23), ou Toni, como prefere ser chamado. Ele é formado em Criação Digital pela Universidade de Caxias do Sul e irá conceder entrevista neste sábado (5), às 9h, no programa Comunidade em Foco, da Rádio Encantado FM 104.7.

A produção, que tem 30 minutos, reúne imagens impressionantes e depoimentos marcantes de moradores de Muçum, Roca Sales e Encantado, cidades atingidas pela tragédia climática. O projeto, que também tem o trabalho de Gustavo Ghisleni, responsável pela captação de imagens aéreas, contou com apoio da Lei Paulo Gustavo e já está sendo exibido em escolas da região.

Herold conta que a iniciativa surgiu do impulso de registrar os acontecimentos assim que as enchentes tomaram grandes proporções. “A gente sentiu que precisava ir e gravar. Não sabia se ia virar documentário ou qualquer outro tipo de registro, mas sentimos essa necessidade”, relata o diretor, que se uniu a Ghisleni para documentar a tragédia. Ambos acompanharam comitês de crise e registraram o impacto da grande enchente nos municípios.

Com a abertura do edital da Lei Paulo Gustavo para incentivo ao audiovisual, a dupla decidiu inscrever o projeto. “Tínhamos outras ideias, mas resolvemos focar nesse tema. O edital era em setembro ou outubro (de 2024), e conseguimos viabilizar a produção”, explica Herold. As enchentes subsequentes em novembro de 2023 e maio do ano passado influenciaram o processo, mas a equipe manteve o foco no evento de setembro.

A exibição do documentário em escolas da região foi pensada desde o início. “O filme foi montado considerando a sensibilidade necessária para apresentar um conteúdo traumático para muitas pessoas, especialmente crianças e adolescentes. A recepção tem sido muito positiva, pois muitas pessoas se sentem representadas ao ver suas histórias sendo contadas”, comenta Herold. O documentário já foi exibido em escolas de Muçum, Roca Sales e Encantado, impactando alunos e professores.

A repercussão digital também surpreendeu o diretor. “O filme foi lançado no dia 28 de março e já atingiu 3.500 visualizações no YouTube. Criamos o canal do zero, e foi tudo na base do compartilhamento orgânico. Fiquei muito feliz com todo o apoio que recebemos”, destaca.

O nome do documentário surgiu de uma reflexão sobre o hino de Encantado, que descreve o rio Taquari como “fagueiro”. “Descobri que ‘fagueiro’ significa algo que afaga, que é meigo, suave e calmo. Mas olhe tudo que o rio fez, todas as casas que levou embora. Foi essa contradição que nos levou a esse título, para provocar uma reflexão sobre a relação da humanidade com os rios”, explica Herold. O filme começa com a explicação desse conceito e inclui o hino de Encantado na trilha sonora para contextualizar os espectadores.

O documentário Taquari Fagueiro segue disponível no YouTube e continua sendo exibido em diferentes espaços, promovendo o debate sobre as enchentes e o impacto ambiental na região.

Texto - César Augusto Husak
Foto - Divulgação